A afirmação da existência de uma
especialidade na Psicologia parece incompatível com a atuação do psicólogo, que
trabalha sobre uma demanda psicológica trazida pelo paciente e que muitas vezes
traz encoberta questões totalmente diferentes que somente aparecem durante o
processo terapêutico. De fato não há um psicólogo para cada tipo de queixa.
O próprio diagnóstico psicológico é
muitas vezes questionado, pois a estigmatização de um ou um conjunto de
sintomas, reduzindo a pessoa do paciente a um adjetivo, como bipolar, ou
drogadicto, é oposta ao acolhimento e à relação terapêutica que deve se
estabelecer para caminhar com o tratamento.
Desta forma não existiria especialidade
nem diagnóstico psicológico, apenas uma relação terapêutica onde o
relacionamento com o terapeuta, a expressão das emoções e a eclosão de
conteúdos muitas vezes não falados com ninguém, tudo isto, diante de um
profissional preparado para trata-los sem qualquer tipo de preconceito ou
pré-julgamento estaria na base do que se chama de terapia. Nesta relação terapêutica,
o acolhimento, a empatia e a busca da transformação do pensar e ou sentir do
paciente levará a uma outra dinâmica mais saudável. Enfim, a terapia seria um
ambiente protegido no qual o paciente não receberá julgamentos diante se sua
hiper-exposição favorecendo encarar e se transformar.
Por outro lado, num sentido diferente do
médico, existem sim, especializações na Psicologia, como Arteterapia,
Psicanálise da Criança, Bioenergética etc que, ora focam em técnicas
terapêuticas específicas, ora focam em pacientes com certas características,
faixa etárias ou até mesmo patologias dentro de certo espectro. Até mesmo a
psicanálise clássica foca nas neuroses como a histeria e as neuroses
obsessivo-compulsiva declara que as Psicoses, como a esquizofrenia, estariam
fora de seu campo.
Tudo isto é necessário para configurar um
campo de atuação. Todo psicólogo
especifica se atende crianças, adultos, idosos etc e ao se deparar com certa
demanda, que esteja fora de seu campo, encaminha para outro profissional cujo campo englobe a demanda daquele paciente.
Apesar de tudo que foi exposto acima,
existe um grande espectro de demandas que podem ser atendidas por qualquer
abordagem ou especialização da psicologia e se enquadram em transtornos psicológicos
gerais e são estas demandas que caracterizam o que convencionalmente se chama de
psicologia clínica.
A Psicossomática tem então um problema,
pois trabalha justamente com a relação entre mente e corpo, com a relação entre
o psicológico e o fisiológico em qualquer faixa etária. A Doença física que
acompanha o paciente não é demanda de terapia, é sim demanda médica.
O Psicossomaticista
trabalha com a influência que o funcionamento psíquico tem no paciente e que
acaba atuando para piorar a doença. Procura, apoiar o paciente para que o seu psiquismo
não atue negativamente perante a doença, ou mais tecnicamente, busca apoiar a
construção no paciente de uma dinâmica psíquica sintônica com a sua fisiologia.
Obviamente é desejável que o emocional
colabore com o tratamento médico, que está na base do tratamento da doença
física, e algum profissional tem que atuar sobre isto. Desta forma a dinâmica
psicológica de determinado paciente doente, se for trabalhada corretamente em
terapia, pode contribuir para uma melhora geral da saúde.
É importante ressaltar que trabalhar em terapia sobre o funcionamento
mental e emocional típico deste paciente que faz com que a sua tensão nervosa ao invés de ser elaborada
psicologicamente, atue diretamente no corpo, depende de um aporte teórico e
prático específico. Uma terapia em um paciente doente que foque somente os
aspectos psicológicos, sem considerar alguns pontos importantes do
funcionamento mental/emocional peculiar deste tipo de paciente pode agir negativamente sobre a
doença. Na psicossomática dizemos mais tecnicamente que uma seqüência de interpretações castradoras pode, por exemplo, retraumatizar o paciente como dizia Ferenczi ou em outras palavras pode reforçar a desorganização somática em curso.
Consideramos então que, apesar do
Psicólogo Psicossomaticista atuar com visão integral do sujeito e num processo
de psicoterapia que enfoca tudo aquilo que outro psicólogo trabalharia, ele
deve considerar certas peculiaridades da técnica psicossomática, certos
cuidados adicionais com interpretações e com a relação paciente-terapeuta para que sua atuação seja consistente e colabore com a
melhora global do paciente.
Diante de tudo o que foi falado, considero
que a melhor forma do Psicólogo que trabalha com Psicossomática se apresentar multiprofissionalmente é
como um especialista, que traz novo aporte teórico e técnico aumentando o campo de atuação da psicologia incluindo os pacientes com doenças físicas resistentes. Desta forma todos os profissionais da saúde em certos casos, mais que
em outros, poderão buscar o apoio deste especialista em psicologia clínica, que não foca na doença, mas em
trabalhar junto com o paciente suas defesas psíquicas diante da tensão,
permitindo que se desenvolva psiquicamente para que defesas mais psicológicas e
menos físicas sejam utilizadas para escoar esta tensão.
A Psicossomática Psicanalítica já é muito difundida na França, sendo praticada a mais de 40 anos pela equipe do IPSO em Paris. No Brasil existe um curso de Especialização que já fez 20 anos em São Paulo, O Curso de Especialização em Psicossomática do Instituto Sedes Sapientiae.
Abordaremos de forma introdutória um pouco deste teoria e técnicas neste blog.
A Psicossomática Psicanalítica já é muito difundida na França, sendo praticada a mais de 40 anos pela equipe do IPSO em Paris. No Brasil existe um curso de Especialização que já fez 20 anos em São Paulo, O Curso de Especialização em Psicossomática do Instituto Sedes Sapientiae.
Abordaremos de forma introdutória um pouco deste teoria e técnicas neste blog.
(Prado, A.F para Blog http://psicossomaticaararaquara.blogspot.com.br)
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